sábado, 6 de fevereiro de 2010

A "pima" e o avô


Adoração. Pensei um pouco e não me ocorre outra palavra. A razão pela qual descrevo este teu sentimento por estas duas pessoas é simples: acredito que sabes quem são, sabe-lo desde pequenina, conheces e sobretudo, estranhamente, não esqueces. A prima I. creio por tantas vezes ter vindo ver-te e ter ficado contigo para a mamã espairecer e dar folga à avó M. Foi no teu primeiro ano de vida. Depois, ficou com o tempo livre mais escasso. Vêem-se com muito menos frequência. Seja como for, o brilho nos teus olhos é imediato, a confiança ao pegares-lhe na mão é serena, natural. A verdade é que sabes quem é, confias, brincas, queres que esteja contigo, esqueces a mãe, o pai, o que te rodeia. A pima! Estas duas palavras são sempre acompanhadas de enorme alegria e excitação! Este Natal quiseste que fosse ela a dormecer-te. Quando chegou a hora de ir dormir, peguei-te ao colo e dirigi-me ao teu quarto. Voltei para traz a meio do caminho quando disseste: qué a pima, qué domir com a pima. Na caminha com ela ao lado sussurraste qué beijinho da mamã. Mas depois de eu lá ir… qué a pima… O avô F., não sei. Conheceu-te com umas horas de vida. Está contigo sempre que fazes anos e no Natal e mais uma ou duas vezes por ano. Sempre que ele chega o receio de “estranhares” apodera-se de mim. Não que venha mal ao Mundo, que alguém não entenda, que não seja legítimo. Não. Só porque sei que ele poferá ficar triste, apesar de compreender. Mas nunca acontece. Uma hora é o tempo máximo de “reconhecimento”. O beijinho que ele te pede demora, o abraço demora menos. Conversa e mete-se contigo e, já está! Os minutos, as horas e os dias que se seguem na sua companhia são lindos. Observar-vos faz lembrar dois velhos amigos. Sim, velhos. Que se conhecem há muito, que se habituaram um ao outro. Intímos, de longa data, confidentes, percebes? É incrível. Nesta época do Natal, no segundo dia que passaste com o avô e com a avó em sua casa, não querias vir embora. Chegámos à rua, prontos a entrar no carro e ao nosso colo choramingavas eu quéio o avô F.! Seguia-lo para todo o lado, sendo certo que o que mais gostas é de o ajudares na bricolage em casa. Adoração. É o que me ocorre.

Um comentário:

Filipe JB Gomes disse...

Margarida, a tua mãe escreve sobre nós os dois e isso é muito gratificante para mim. Conheci-te poucas horas depois de nasceres, mas no meu íntimo já me relacionava contigo. Há coisas difíceis de explicar, não demos mais voltas ao assunto.
A verdade é que o facto apesar de estar longe de ti fisicamente tu estás sempre comigo. Por isso a nossa relação pode provocar alguma surpresa. Como diz a tua mãe somos velhos e íntimos amigos e isso eu noto quando tenho a felicidade de estar contigo. Não me surpreende. É difícil de explicar, mas nesses momentos sinto que agimos como se nos víssemos todos os dias. Tenho essa tal sensação de que já nos conhecemos há muito tempo e que sabemos bem como lidar um com o outro. Os nossos espíritos (ou os nossos Anjos da guarda) lá sabem porquê. Beijinhos grandes e um xi-coração muito forte. Até logo. Avô F.