sábado, 25 de setembro de 2010

(In)tolerância


No parque um rapaz mais velho bastante gordinho:
- Papá olha, é godo, é godo! - de dedo esticado a apontar...
O pai disse-te:
- O menino é maior, é mais forte.
Como se combate isto? Não é propriamente algo que oiças em casa, dizermos que este é gordo, aquele é amarelo, o outro é coxo! Aliás, mesmo ao nível de comentários ou desabafos entre nós temos imenso cuidado para que não oiças ou para que não o digamos de forma ofensiva ou discriminatória... É verdade que não estavas a gozar, a fazer troça, ou com maldade. São coisas que – felizmente – não fazem parte de ti. Pelo menos por enquanto. Estavas só curiosa, apenas a constatar, dado que não é para ti algo comum. Ainda assim é de combater e de te fazer ver que, por um lado, não se aponta e diz aos gritos, por outro lado, cada um é como cada qual, todos somos diferentes e devemos ser tratados como iguais, dentro das nossas capacidades e limitações. Enfim, assunto a que voltaremos com frequência. Cada vez mais. 

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Esta manhã


Eu: Acorda querida.
Sorriste
Eu: Bom dia!
Sorriso muito aberto:
Tu: Estava a sonhar com a praia mamã...

Ontem…


… antes de ires dormir:
Tu: Mamã eu quero ir para a cama mas não quero sonhar.
Eu: Porquê? Tiveste um sonho mau ontem?
Tu: Sim.
Eu: Era sobre quê?
Tu: Era com macacos!
Eu: E o que é que eles faziam?
Tu: Assustaram o pai!

Ontem...


…no carro:
Tu: Mamã?
Eu: Sim?
Tu: Se eu tivesse uma mana era a Leonor e o mano o Francisco
Eu: Ah sim?
Tu: Sim.
Eu: Está bem…

Letra M




Pouca coisa soubemos por ti daquilo que fizeste no primeiro dia no Colégio. Embora tenhas ficado de bom grado, à tarde mostraste-te um pouco revoltada. Felizmente que foi numa sexta-feira, deu para recuperares a confiança em nós e explicarmos mais uma vez que o Colégio é a melhor coisa do mundo! J Quando ao final do dia te perguntei o que fizeste, respondeste-me um amuado nada. Fui percorrendo hipóteses, mas sem sucesso. Passados uns minutos dizes-me:
- Fiz Ms.
- O quê.
- Ms.
- Fizeste Ms?
- Sim.
- Ah, estiveram a ver as primeiras letras dos vossos nomes, foi?
- Sim.
- E a tua é o M.
- Sim. M de Margarida, M de Mafalda, M de Madalena, M de Matilde e M de mota.
- Boa! É isso mesmo!
- E M de folha.
- De folha? Não. Folha não tem M, mas folha é com um F, de folha, de Filipa.
- Pois é.
- Muito, muito bem!
Nesse momento, e como íamos a caminho de casa, começaste a apontar todos os Ms que encontraste pelo caminho. Falharam-te uns quantos minúsculos, mas por todos os Ms maiúsculos que passámos, não falhou nenhum. Desde esse dia que tem sido assim. Na rua, no carro, em casa, a ver televisão. Apontas todos os Ms e achas muitíssimo divertido. Há dois dias também começaste a apontar Ós…

Pelo Infantário


Legos, construções, mãos e pés na tinta, desenhos, plasticinas, letras dos alfabeto, histórias (sobretudo fábulas), colinho, sesta, almoço, lanche e bolachinhas, baloiços e escorregas, Matilde, Leonor, Pedro e Jota…

A (nova) Amiguinha

A tua tartaruga… vá, pronto… já não está entre nós. Chegámos de férias e não a achámos bem. E, de facto, confirmou-se. Apesar da mudança da água e da comida que ficou assegurado enquanto estávamos fora, creio que não resistiu ao calor. Quando falámos sobre o que te dizer achei, ingénua, que era cedo para te falar sobre a morte. Comprámos uma tartaruga. Substituímos o aquário que estava a precisar. Mostrámos-te o novo aquário. Uma grande excitação, o aquário é diferente, a tartaruga completamente eléctrica. Mexia-se a nadava que nem uma louca. Adoraste. Enquanto observavas eu dizia vês, trocámos o aquário e limpámos a tartaruga, agora ficou mais clara. Sinceramente mamã. Devias ter juízo… Não é que depois de uns 10 minutos disto…
Tu: Uau que giro! Tá-se a mexer! Tá a nadar! Poxo dar comida?
Nós: Podes.
Tu: E a outra, onde tá?
Nós: O quê??
Tu: A outra tartaruga, onde tá??
Pois…

Desculpa


Tu: Não gosto de ti.
Eu: Então posso ir-me embora do teu quarto?
Anuíste com a cabeça. Eu saí, sob o teu olhar espantado.
Passados uns minutos voltei.
Eu: Então já gostas de mim?
Tu: Sim. Dá-me um beijinho.
Eu dei.
Tu: Pede desculpa a mim.
Eu: Porquê? O que é que a mamã fez ou não fez para estares zangada?
Tu: Porque deixaste-me no meu quarto sozinha.
Eu: Peço desculpa filha.
Na tua cara surgiu um enorme sorriso…

Sim, porque uma conversa leva a outra!


Em Agosto, falávamos as duas sobre a escola. Sobre como iria ser tão giro, e tu irias gostar tanto etc. às tantas começas a falar sem parar:
Tu: E depois vou ter muitos amigos e poxo levar os meus óculos de sol cor-de-rosa!
Eu: Podes pois.
Tu: E mamã, tenho que comprar uma espada do capitão gancho!
Eu: Para quê?
Tu: Para lutar contigo na festa!
Eu: Qual festa?
Tu: Dos meus anos, ao pé do Natal!
Eu: Ah, ok. Está bem.
Tu: E o primo Manel já nasceu!
Eu: Pois já!
Tu: Tão querido!
Eu: Ele é muito querido pois é e muito pequenino.
Tu: Pois é. Coitadinha da tartaruga quer comidinha.
Ahahahah! Ok, o que interessa é falar!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

33 month old

As your child nears his third birthday, you may notice him becoming curious about other people's moods: he may wonder why grandma is angry or his daddy is sad. Attempting an explanation ("Grandma is angry because her car isn't working") helps your child learn that emotions are normal and it's OK to talk about them. Your child is learning something about his own moods, too. In addition, his disposition - whether quiet, adventurous, or gregarious - is becoming more apparent. A general respect for how he responds to the world will help him feel accepted. So let him know you love him just the way he is.

Das últimas



Tu: Olha a Lua mamã, olha!
Eu: Pois é!!! Hoje está a sorrir?
Tu: Está!
Avô F.: Olha está é a dizer-te adeus
Tu: Não avô, ela não tem mãos!
Avô F.: Ah… mas está a dizer “olá”.
Tu: Ela não diz “olá” porque ela não tem boca!

Papá: Estás uma senhorinha.
Tu: Não estou nada uma cenoura.
Papá: Não disse cenoura, disse senhorinha!
Tu: Não estou nada uma cenourinha pai!

Deitaste-te na nossa cama e ficaste no meio de nós, acordada, muito quieta. Passado um bom bocado …
- Vês pai, hoje deixei-te dormir, fui querida, não te acordei!

- Pai dá-me um beijinho e pede desculpa por andares por cima do meu brinquedo!

Tu: mãe quero água.
Eu: Se faz favor, margarida.
Tu: Se faz favor.
Eu: Quando pedes alguma coisa, tens de dizer “quero quaçquer coisa se faz favor”, percebes?
Tu: Mamã quero qualquer coisa se faz favor.
Eu: Ahahah, então não era água?
Tu: Sim.

Ser mãe é...


Ir contigo e com o pai ver uma casa; a senhora da imobiliária ser gordinha e acabar por vir no nosso carro por ser mais prático; passar a vergonha de te ouvir dizer, sentada na tua cadeirinha atrás:
- A senhora não pode vir no nosso carro!
- Porquê filha?
- Porque é muito grande…

O Jóta

O Jóta é meu amigo, dá-me miminhos. Foi assim que  ouvimos falar no teu amiguinho. Esta manhã, o pai disse que estavas numa de colinho, ao invés de quereres ir para a sala. Mas o Jóta apareceu na fila “dos bibes”, saiu e foi dar-te a mão. Pegou nela e lá foram os dois contentes. Que bom! :-) 

domingo, 19 de setembro de 2010

A 1.ª pintura


O 1.º desenho


Depois de já teres matado saudades




Quando a avó chega ao colégio

Os dias seguintes

No terceiro dia nem te importaste de ir, levaste a tua mochila pela mão orgulhosa, vestiste a bata. Quando o pai se estava a vir embora pediste-lhe que ficasse, mas depois acabaste por ficar quietinha, de chuchinhas, sentada ao pé dos outros meninos a ouvir uma história. No dia seguinte foi mais complicado. Havia vários meninos a chorar, pelo que não te aguentaste. Regra-geral não queres ficar ou pedes para ficar mas com o pai. Lá ficas a chorar... À tarde a avó tem-te visto a sair, às vezes mais cabisbaixa, outras vezes nem tanto. Assim que vais para o recreio lá te entreténs a brincar, mas assim que vês a avó desatas num enorme pranto. A prof. R. e a G. dizem que no início da semana durante o dia fazias por te aguentar. Dizias-lhes: hoje não vou chorar – cheia de vontade... Tens altos e baixos durante o dia, em que dizes querer a mamã e o papá ou a avó. Normalmente, na hora de dormir e de comer. Seja como for, creio que estás a evoluir bem, a aceitar bem. A R. garante que os teus dias têm sido bons, mostras-te bem disposta, divertida e integras-te lindamente. Noto pelo que vais deixando ouvir que o que mais tens gostado é de aprender canções (que nos vais cantando) e dançar. O dia em que conheceram o ginásio foi o mais excitante, o único em que disseste logo o que tinhas feito nesse dia. Embora a maior parte das manhãs, ainda em casa, digas que não queres ir à escola hoje ou que queres ir mas não queres lá dormir, andas bem disposta, cansada, também. Sempre que te perguntam se estás a gostar do colégio, da prof.ª, dos teus colegas, respondes um convincente sim! Vamos ver...

A Fada


A Fada (Sininho ou outra qualquer, é conforme) é muito famosa lá em casa. É famosa no bom sentido. Gostas muito dela, ou não fosse a responsável por te trazer as chuchas de um Reino distante, quando chega o João Pestana. A fada é pequenina, silenciosa, brilhante, discreta. A fada traz sempre magia com ela. Ela muito raramente é vista. Até hoje ainda não tiveste muita sorte, porque só eu e o pai é que a vimos passar. Mas foi fugaz, nem deu para a ver bem. Às vezes ela sussurra-nos aos ouvidos… assim uma outra informação preciosa, daquelas em que, sem ela, não conseguíamos lá chegar. Às vezes, quando estamos a procurar as chuchas pela casa, ouvimos umas dicas de onde ela as poderá ter deixado. Não fiques triste, tu também a ouves, mas como estás sempre tão concentrada em encontrá-las que não ouves a fada com atenção. Outras vezes, quando eu e o papá temos dúvidas, a fada diz-nos se acha que te portaste assim mesmo, mesmo bem (ou não), se mereces aquele chupa-chupa ou uma bola de gelado de nata. Outras vezes, a fada opina mesmo. Como no outro dia, em que a mamã te explicou que usar verniz é coisa de meninas crescidas e que por isso tu só podes usar muito de vez em quando e ao fim de semana. Nessa altura, a mamã esqueceu-se que havia escola no dia seguinte e a meio da noite a fada deve ter aparecido. Pelo menos, foi o que me disseste de manhã:
- Olha mamã, olha! A fada veio tirar o meu verniz com axetona!
Pois. A Fada é nossa amiga. É uma boa ajuda… :-)

O Mar e tu


Este Verão foi assim… Sempre, sempre na água. Sem medos ou receios, sem bóias, sem parar, sem deixar de saltar mesmo quando as ondas te deitam abaixo. Para a frente é que era caminho, sobretudo se estivesses acompanhada das sobrinhas da madrinha! Apesar de tudo e de toda a vontade de dar muitos megulhos, a verdade é que ficaste ao pé de nós se as ondas eram muito altas ou a bandeira amarela. Felizmente aconteceu duas vezes, porque foi um prazer ver-te tão feliz, assim como peixe na água. Quanto a nós? Estivemos sempre de molho, mesmo quando não nos apetecia… Quando não era no mar, ias a banhos ao chuveiro da praia. Sabias respeitar a fila e dizias aos outros para o fazerem. Quando a fila era grande ficavas tão impaciente que ias espreitando. Lá te deixavam passar à frente, conversavas com toda a gente, tomavas banho na tua vez e na vez dos outros rias e gritavas de excitação com os salpicos! Ao terceiro dia já ias sozinha ao chuveiro, já que não havia maneira de quereres de lá sair. Ficaste conhecida na praia, ora pelas risadas, pela conversa, pelas chuveiradas ou pelo facto de parares nos toldos em que a comida te agradava. Um fartote. Felizmente que é uma praia de famílias como a nossa… :-)

Palavras para quê...

Atenção



Na natação és a única que chama a prof.ª para ver as tuas proezas. É certo que já vai havendo alguma diferença de idades para uma ou outra criança, mais pequena. Mas é o máximo. Cálculo que aches que és a única, como em casa és ou que, apesar de todos os outros, é só chamares que a professora “corre”, bem, ou nada! Basicamente é muito cómico e a professora é a primeira a rir. Diz-te sempre bravo margarida, muito bem e que feliz que tu ficaste quando um dia até reparou nas tuas unhas pintadas… :-)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Dia 2

Neste segundo dia a avó mostrou-se mais animada ao telefone comigo. Encontrou-te a brincar no recreio. Correste quando a viste e disseste-lhe que tinhas muitas saudades dela. A prof.ª R. disse que comeste bezinho, dormiste bem. Disse que tivestes altos e baixos: à hora das refeições ficaste mais triste, choramingaste, mas não quiseste dar parte fraca e tentavas disfarçar as lágrimas que por aí vinham. Voltaste a dizer-me que gostaste. Pediste se não podias ir só de vez em quando, sem ser todos os dias... Enfim, creio que não foi tão mau como ontem. Pelo menos, pior não creio.

Um mar...

... de lágrimas, resume a 2.ª vez que te deixámos de manhã. Em casa começaste logo a dizer que querias que eu ficasse contigo. Que ficasses se eu ficasse também. Que eu não fosse trabalhar, que o dinheirinho não era preciso. Que não querias ir. Que querias ficar connosco. Quando lá chegaste não quiseste descer do colo do pai. Depois já no chão não quiseste o bibe. Lá te convenci. Vestido o bibe não havia maneira de entrares da sala de música para esperar uns minutos pelas 9h. Depois trepaste por mim acima. Começaste a chorar quando te quis pôr no chão. Ficaste muito enervada e a chorar imenso quando tentei que te juntasses à roda de meninos e meninas que davam as mãos. Acabámos por ir até à tua sala contigo. Foste sempre a chorar. O ambiente não ajudava, havia muitos meninos, como tu, que hoje choravam, muitos mais, ao contrário de sexta-feira. Tivemos de entrar na sala. Eu tive de sair para vir cá para fora chorar. Ouvia-te a ti a gritar, ainda ao colo do pai. Eu chorava mais ainda. A G. passou por mim, vinha buscar as tuas chuchas para te acalmares um pouco. Resultou. A porta fechou-se, eu não tinha voltado a olhar para ti. Os pais chorosos não podem deixar que os filhos os vejam, aconselharam-nos. A porta fechou-se. Ficámos do outro lado a ver se te ouvíamos. Nós e mais uns quantos pais. O papá espreitou. Estavas sentada, ao lado dos teus coleguinhas. Triste, de cara molhada, mas sem chorar, com as tuas chuchinhas. Eu não, a minha “chucha” és tu: chorei até chegar ao banco.

Após

Sexta-feira, após o primeiro dia, encontrei-te feliz em casa da avó quando cheguei. Vieste a correr para o meu colo. Abraçaste-te com vontade, com saudades. Deste-me muitos beijinhos e eu a ti. Perguntei-te se tinhas gostado do colégio, disseste prontamente que sim. Também me disseste que choraste esta vez e esta vez. Eu disse que chorar não fazia mal, quando estávamos um pouquinho tristes. Perguntei-te se sabias que a mãe e o pai voltavam sempre, sempre para ti. Respondeste-te com um enorme sorriso, anuíste com a cabeça e disseste: mamã, és a minha melhor amiga!

Estreia: saída

- Não fique assim, ela esteve muito bem, isto foi mesmo agora. Desculpe, mas não estava à espera de ver a minha neta, a única, a chorar. – respondeu a avó à G. quando te foi buscar e se emocionou ao ver-te. A saírem da sala, em fila indiana agarrados ao bibe da frente e tu, a chorares. Fiquei desolada quando a avó me contou. Completamente desolada, infeliz, impotente, magoada. – Ela começou mesmo agora, queria a mãe e o pai. A avó confirmou quando chegou ao pé de ti: querias a mãe e o pai, por isso choravas. – Os olhinhos dela não estavam vermelhos, não devia estar a chorar há muito tempo, disse-me a avó. Foi encontrar-te num cantinho, a chorar, dentro do comboio que há no recreio. Quando a viste choraste muito, provavelmente um misto de tristeza, alivio, cansaço, felicidade em vê-la. Comeste e dormiste bem, disseram. Estiveste o dia todo muito bem e integraste-te lindamente, disseram. Sim. Talvez. Mas eu só me lembro de uma coisa: a avó chegou para te ir buscar e tu, estavas a chorar.

Estreia: entrega


Deixar-te foi difícil… para mim. Quase que me apetecia dizer então não te agarras às pernas da mãe a implorar que não se vá embora??? Mas QUASE, fico muito feliz que assim não tenha sido. É certo que foi a primeira vez. É certo, como me disseram, que ao 2.º e 3.º dias é que é mais difícil, pois já sabes ao que vais. Mas a verdade é que foste fantástica. Em casa começaste a dizer que querias que eu lá ficasse contigo. Voltei a explicar tudo outra vez, como vimos fazendo há muito tempo: Que a mãe e o pai voltam sempre; que não ficas sozinha, só não ficamos lá nós; que a escola é o sítio mais divertido de sempre; que a prof.ª R. te adora e te dá mimos se tu ficares triste; que a sesta é muito boa porque é numa sala com todos os teus coleguinhas; que as chuchinhas e o pato Pedro vão no teu saco para te acompanhar no ó-ó e que vais brincar tanto, tanto que nem vais acreditar… Não ficaste muito convencida em casa. Também recusaste a bata. Fomos andando. Chegados ao Colégio começaste a ver meninos mais velhos de bata. - Vês Margarida, aqui TODOS os meninos usam. - Para quê? - Para pintarem com aguarelas e plasticina e andarem no escorrega à vontade, sem sujar a roupa! Lá viste mais um e outro e lá achaste que devia ser mesmo giro andar de bata. : - ) Esticaste os bracinhos e ficaste toda orgulhosa. Ao pescoço levaste uma fitinha com o nome pendurado para não haver confusões no primeiro dia. Chegámos antes das nove para te dar tempo… Fomos ter à sala onde agurdam. Entraste à vontade e foste logo brincar. Era a sala de música. Ficámos a ver-te. De um lado para o outro, no meio de alguma confusão e algum choro de outras crianças. Passado um bocado chamei-te para ires conhecer o teu cabide. Fomos até ao pé da tua sala e procurámos a tua fotografia. Ficaste admirada de ter uma foto tua e tudo : - ) Pendurámos o saquinho. Voltei a dizer-te que ali estavam as chuchas, o chapéu, o pato Pedro. De repente perguntaste: poxo ir bincar mamã? Claro! E eu eu o pai podemos ir embora? Podem! Trocámos beijinhos e ouvimos um “até logo!”. Voltámos à sala de música. Voltaste à brincadeira. Passados uns minutos saíste em fila agarrada ao bibe da menina da frente que gritava em lágrimas… Fui dizer-te para lhe dizeres que não valia a pena chorar… E assim fizeste. De brinquedo numa mão e a outra a tentares dar à menina triste, lá foste. De vez em quando tentavas dizer-lhe não chores… mas sem resultado. Depois já não entrámos na tua sala. Ficámos à porta. Ficaste entretida. A porta fechou. Eu aclarei a garganta e fiz o meu melhor ar. Sorri. Segui.

I am Ida... MargarIda...

:-)



































































O que está sempre na foto filha? : -) 

A tua

era assim:



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Na piscina com/do teu amigo do toldo ao lado, todos os dias era ora uma festa, ora à “estalada” por dá cá aquele balde! Enfim. Ainda assim tiveste sorte, porque o amiguinho, o Diogo, nunca te negou a entrada na piscina, nem cobrou por ela uma bola de Berlim ou uma bolacha americana. Além disso e, apesar de mais velho que tu, era normalmente um paz de alma. Já tu... Umas das vezes em que – e muito bem – preferiste o caminho diplomático ouvimos-te:
- Oh Diogo! Não sejas assim, não podes zangar-te e discutir comigo!
E outra vez:
- Não me empestas porquê Diogo? Diogo tu és o meu melhor amigo, eu sou tua amiga, somos amigos. Não podes ser mau...

Porquês??????


Eu tinha para mim que a famosa “idade dos porquês” começava bem, bem mais tarde que os dois anos e meio. Parece que me enganei. Pelo menos cá em casa já é oficial e temo que esteja para durar por muito e muito tempo... : - )
Tu: Papá porque é que o balão sobe?
Papá: Porque tem lá dentro um ar que e mais leve.
Tu: Porque é que o ar é mais leve?
Papá: Porque o hélio é mais leve do que o ar, é diferente.
Tu: Porquê?
Papá: Porque foi assim que foi feito.
E andámos nisto, às voltas, tipo “pescadinha de rabo na boca”...

Tão quido!

Icos e itos. É tão somente assim que acabam todos os teus adjectivos. Bem, o que na realidade se resume a poucos, porque além de pores diminutivos em tudo, também achas que tudo o que é bonito, bom, pequenino, fofo é q-u-e-r-i-d-o e tudo o que não é, apelidas de m-a-r-o-t-o. Resumindo: bebés, gatos, cães, a lua, o sol, etc. Tão quido! Anda cá gatinhico! Olha o cãozico! Sinceramente, de onde é que esta onda de dengosisse apareceu???

Vais para a Escola? Leva... as vacinas em dia!


Antes do início do ano lectivo a última vacina prevenar. Fomos visitar a nossa XXL o que, para ti não é lá bom motivo, mas para nós é óptimo termos um pretexto. Custou um bocadinho, choraste, mas depois ficaste bem, pediste  - e comeste - muito bolinho à XXL. Depois não querias vir embora. Ao início estavas com um bocadinho de vergonha da nossa amiga, mas depois querias era conversa. Já a XXL tinha iniciado o curso de preparação para o parto desse sábado, e tu brincavas entre o páteo e a sala, com triciclos, carros e o bebé “Francisco Turmenta” que a Enf.ª usava na aula. Lá te convencemos a ir embora quando te dissemos que íamos almoçar fora. Beijinhos à XXL, colo do pai e vamos a isso. Eu fiquei À porta ainda a falar um bocadinho. Quando me despedi com um abraço da XXL ouvimos-te com um enorme beicinho e olhos cheios de lágrimas quase a cair cara abaixo:
- Não vais ficar com a minha mamã pois não?
: - ) Claro que não filhota!

Girls talk

No carro a caminho de casa:
- Mamã pintas-me as unhas quando chegarmos a casa? Pintas?!
- Hoje n...
- Das mãos E dos pés mamã, pintas!!!??
- Margarida as unhas só pintamos no fim-de-semana. É uma brincadeira. Depois tiramos o verniz. Hoje não pinto porque amanhã vais para a Escola, mas pinto no fds.
- Ohhh. Poquê mamã?! 
- Porque as meninas da tua idade não têm de andar de unhas pintadas.
- Poquê?
- Porque fica bem às meninas crescidas e às senhoras. Não fica bem às meninas pequeninas, sobretudo para irem para a Escola.
- ...
- Pintas no fim-de-semana mamã pintas?
- Pinto. Prometo.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Ser crescida


Sabes filha, há muitas coisas que podemos passar a fazer enquanto vamos crescendo. Há muitas, que não podemos mesmo, mesmo fazer nunca. Há outras ainda que não devemos nada, nada passar a fazer. Ainda assim, vais realizar (infelizmente) que muitos de nós acabam eventualmente por fazer um pouco de todas. Contudo, eu e o pai, enquanto a tua idade, aceitação, (in)dependência, e a nossa responsabilidade e empenho deixarem, havemos de não te deixar fazer algumas coisas que achamos – verdadeiramente – que não são boas para ti ou para os outros. Agora eu podia continuar neste registo, vá, profundo. Todavia, o que me levou a escrevê-lo foi somente isto...
Na rua:
Tu: Olha mamã, cocó de cão. Blhec!
Eu: Blhec, que porcaria.
Tu: Quando eu for quexida já posso comer cocó de cão, pois é mamã!
N-Ã-O!!!!!!

Se bastasse pedires...


De férias. Estava difícil de adormeceres à hora da sesta. Rebolavas-te na cama.
Eu: Dorme Gui.
Eu: Dorme Margarida, para podermos ir à praia à tarde.
Tu: Mamã eu quero uma mana.
Eu: Queres?
Tu: Xim.
Eu: Porquê?
Tu: Para bincar com ela.
Eu: Mas sabes que quando os bebés nascem são muito pequeninos. Não brincam logo. Vais ter de esperar um tempo.
Tu: Xim, mas quando ela for gande podemos bincar!
Desde que a barriga da tia C. ficou maior que falar em manos(as) é um assunto muito recorrente. Como o primo M. já nasceu, fartas-te de pedir uma mana. Há uns meses querias um mano ou uma mana, tanto te fazia. Agora queres uma mana, que por ti, chamar-se-ía Dartacão ou, em alternativa, Inês... 

Porquê???


Tu: Mamã poxo abrir?
Eu: Margarida não abras porque depois enches as mãos, a roupa e o carrinho de verniz.
Tu: Porquê mamã?
Eu: Porque o verniz é líquido e suja tudo facilmente.
Tu: Porque é que suja?
Eu: Porque é só para pintar as unhas e não para se pintar mais nada e depois é difícil de sair.
Tu: Porque é que é difícil de sair?
Eu: Porque o verniz é feito só mesmo para pintar as unhas e só sai com acetona.
Tu: Porquê?
Eu: Porque quem o inventou o fez assim para esse efeito.
Tu: Porquê?
Eu: Boa pergunta...