segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O que dirão os vizinhos? :-)


Hoje antes do jantar:
Tu: Pai olha, olha, um monstro!!!
Papá: Ai sim, onde é que ele está?
Tu: Aqui… ali, temos de fechar a porta.
Papá: Ah, olá senhor monstro, como está? Janta connosco hoje?
E tu ris-te à gargalhada.

Hoje recebi este e-mail


Assunto: Para a Margarida
Olá, minha querida! Quero dizer-lhe que esteve impecável na festa de aniversário da avó Mané: - soube ser simpática com as amigas da avó, fazendo desenhos para lhes oferecer - um desenho para cada uma, por indicação sua - esteve muito feliz na altura de apagar as velas e de cantar "os parabéns", ajudou a distribuir o bolo e, por fim, adormeceu muito serenamente, sem choros e com a sua chuchinha. E qualquer dia, quando menos esperarem vai entregar a chuchinha. Mas tem que ser de livre vontade... Porque, a mal, ninguém leva nada daí!... Não é?... Muitos beijinhos e um grande xi-coração. Luisa (amiga da avó Mané e madrinha da sua Mãe)

Dás-nos música


A última de que te lembraste para adoptar em diversas situações é qualquer coisa!!! Não imaginas a vontade com que ficamos de rir. Por exemplo:
Eu: Margarida, se voltas a falar no crepe já não o comes. Entendeste?
Tu: Sim.
Eu: A mãe já te disse que sim, mas para esperares um bocadinho.
Tu: Ok.
Passados uns segundos
Tu: Um quepe, eu quero um quepe, um quepe bommmmmm, pa eu comerrrrrr – cantas.
Olho para ti e dizes: Mamã só estou a cantar. É uma música sobre quepes!

O drama da chucha


Até entrares no Colégio já só usavas a chucha para dormir. Fosse a sesta ou à noite. De resto, passavas bem sem ela. Nem te lembravas. Com a estreia na Infantil, sobretudo nas primeiras duas semanas, a chucha foi um grande apoio. Sobretudo uma serenidade, um aconchego, um mimo, uma ligação a casa e ao conforto. Para dormir é óbvio que a tinha sempre, mas também a deixávamos contigo de manhã e só te começaram, ou mesmo tu própria, a guardá-la na mochila até à hora da sesta, quando já ficavas sem choramingar, sem ficar triste. Foram duas semanas. Bastaram duas semanas para voltares a fazer da chucha o teu “mais-que-tudo”. Até essa altura estávamos mais ou menos tranquilos. O dentista tinha dito que até aos três anos não seria grave. Já fizeste os três anos. Ao contrário da fralda que deixaste por completo com dois anos e meio, a chucha parece ser, não só ainda um sinal da tua “bebezice”, mas sobretudo uma adoração. É de facto.
Aproveitámos a reunião com a tua Educadora no início de Janeiro para abordar o tema. A R. é de opinião que agora não seria boa altura para te tirar a chucha. Tirar é o termo. Se fosse de livre vontade, não haveria problema. Isto porque com a chegada da Maria em Maio, a R. crê que é um apoio grande. Já bastará o possível retrocesso em relação à fralda. Ficámos a pensar no assunto. Achámos que era capaz de fazer sentido. Resolvemos não incentivar, nem deixar de o fazer. Pura e simplesmente ignorar a chucha. Houve um dia em que tu e o pai se esqueceram dela em casa de manhã. A R. disse que não fizeste birras, não choraste, compreendeste, estiveste bem. Contudo, na hora da sesta, não dormiste. Apesar de teres ficado quietinha, não conseguiste adormecer…
Sucede que na consulta dos três anos a semana passada, a C. expressou uma opinião diferente. Disse-nos que achava que devíamos ir tentando o desmame. Que chegar a Maio e ficar sem a chucha depois, poderias sempre associar à Maria. Isso não é desejável. Por outro lado, se não deixares até lá, o mais provável – disse-nos – é deixar a chucha já só aos 5 / 6 anos. É muito tarde.
Ficámos um bocado desanimados no meio destas duas teorias. Apreensivos. Resumindo, começámos a tentar forçar. Agora incentivamos-te, aplaudimos e premiamos quando a chucha é apenas e somente para dormir. Não tem é sido fácil. Chegas a dizer-me que vais só buscá-la um bocadinho. Quando te pergunto porquê ou para quê, respondes simplesmente: poque eu gosto tanto dela… :-)

Não escapa nadinha...


Há uns dias lia-te a história do Rato do Campo e do Rato da Cidade antes de dormires. Às páginas tantas leio qualquer coisa como: …e fugiram os dois para cima da televisão… E oiço-te:
- Televisor!
- O quê filha?
- Fugiram para cima do televisor mamã, não foi para cima da televisão.
Olhei para a página e… de facto. Estava escrito “televisor”…

Alívio


Eu sei que a tia C. confirmou que estavas bem bebé. Eu sei que a tia C. olhou para o ecrã e depois para mim e me disse que estavas bem, com o coração a bater, com todos os movimentos normais. Eu sei que ela também me disse que eu me lembrava da mana a mexer imenso mas que provavelmente teria começado mais para a frente, mas a verdade é que fez esta 5.ª feira uma semana que te sinto mexer imenso e dar pontapés e foi um alívio. :-) Já não há dia que passe em que não te sinta. Isso sim, faz-me muito mais feliz Maria. 

Rituais

Se até ao final do primeiro trimestre, todas as manhãs perguntavas se era dia de colégio; se terias ginástica e se a avó te iria buscar ao fim do dia, este ano mudaste o inquérito diário. Já não te diriges ao papá todas as manhãs com estas três perguntas impreterivelmente. Agora é a mim que me cabe responder todos as tardes quando chego ao pé de ti a uma questão: Mamã, a Maria já saiu? Depois, já em casa, vens ter comigo ao quarto e avanças à entrada: eu ajudo-te mamã, eu ajudo-te a tirar as botas. Sim, que esta barriga já reduz alguns movimentos e tu bem sabes disso… 

Arrumações de fim-de-época

És uma miúda porreira. A sério. Porreira. Exceptuando as birras que fazes ultimamente por tudo e por nada para, simplesmente, mostrares que és tu quem manda e não nós, és uma miúda porreira, uma criança alegre, simpática, amiga, meiga, não complicas, és independente e safas-te sempre, nem que dês umas voltas jeitosas (seja num jogo ou numa conversa). Tivemos sorte. Sinceramente. É claro que és a nossa filha e nós amamos-te muito. Claro, sim. Porque de facto é inerente ao estado de mãe e de pai este amor incondicional. Mas a verdade é que o podias continuar a ser a nossa mais-que-tudo e ser uma miúda piegas, complicadinha, trombuda… mas não és. Lembrei-me disto a propósito do fim-de-semana (logo depois do dia dos reis) em que te anunciei que era altura de desfazer a árvore de Natal e arrumar a “tralha” natalícia lá em casa. Confesso que, não obstante conhecer-te já bastante bem, esperei aquela reacção de espanto, seguida de umas lágrimas de “enorme injustiça”! Enganei-me. Limitaste-te a arregalar-me os teus enormes olhos enquanto perguntavas porquê mamã? Eu respondi: chegado o dia dos Reis podemos dizer adeus ao presépio e deixar o Pai Natal descansar. Com tantos presentes distribuídos pelo Mundo ele tem muito que recuperar. Agora é altura de guardarmos tudo para em Dezembro, no próximo Natal, termos tudo nesta caixa e podermos decorar tudo outra vez e ser de novo muito giro!!! Ficaste uns momentos pensativa. Depois acrescentei: ajudas a mamã a desmanchar a árvore e a arrumar tudo? Sim!!! – gritaste contente. E pronto. Passámos um bom bocado novamente. Foi tão entusiasmante para ti encher o pinheiro de brilho, como guardar estrelas e anjos na caixa. Somos de facto uns pais com sorte, não tenho dúvidas. :-) 

sábado, 29 de janeiro de 2011

23 weeks pregnant

Feeling energetic and excited about the forthcoming birth? If you find yourself dancing around the house with joy, your baby will hear the music and feel you sway, since his hearing and sense of movement are well developed now. He's also started blinking his eyelids. At the end of this week, your baby becomes "viable". This means that he has a chance of survival if he makes an early arrival. However, with each week that passes, he becomes more and more mature and better able to cope with the outside world. 

A mana

Deitaste-te com febre. Uma e meia da manhã. Acordas. Febre. Pedes para fazer xixi. Levo-te, fazes. Voltas para a cama. Tomas uma colher de ben-u-ron. Deitas-te de novo. Com um grande sorriso olhas para mim e dizes: mamã, quando a Maria nascer eu vou comprar um robe pequenino para ela vestir. Fechas os olhos. Adormeces. 

As crianças e a sinceridade...


Eu: Margarida então hoje a R. não foi?
Tu: Quem mamã?
Eu: A R. a tua professora, está doente e não foi ào Colégio.
Tu: Não.
Eu: Está doentinha não é?
Tu: Não, tem diarreia.
... ...

A minha filha… como dizer…

… … rosna. Como nos últimos tempos já percebeste que não podes chamar nomes (chata(o), má(u), por aí) e também te fizemos ver que não é por não estares de acordo connosco ou não gostares do que lhe estamos a dizer que podes, pura e simplesmente,  gritar (como chegaste a fazer algumas vezes) adoptaste uma nova técnica: rosnar. Pois é. A minha primogénita rosna. Perante uma ordem nossa, um não, um está quieta, arregalas os olhos na nossa direcção, e ouvimos-te rrrhhhhhhhh. Hilariante!!! 

Ao menino e ao borracho, põe Deus a mão por baixo

Assim diz o ditado. É daqueles que, até agora, temos felizmente vindo a confirmar como certo. Outro enorme susto. A verdade é que somos abençoados… Além de rodeados de médicos, o tio J. estava por perto. Chegados a casa, tropeçaste no nosso quarto, bateste com a cabeça na nossa cama e abriste um golpe atrás da orelha esquerda. Fundo. Gritaste e choraste bastante, acalmámos-te. Depois o pai ligou ao tio J. enquanto eu punha gelo na ferida. Acabaste por adormecer no meu colo. O tio passou cá em casa. Enquanto dormias colou o golpe (uma alternativa aos pontos). Acordaste apenas no fim. Choraste um bocado a dizer que te doía, embora ele tenha explicado que o que sentias era a ficar bastante quente. Passados uns minutos, voltaste a adormecer. Como eram sete e meia da tarde, antes de te deitarmos na cama, demos-te um biberão de leite. Fechaste os olhos e voltaste ao sono profundo, até à manhã seguinte. Terça-feira optei por não te mandar ao colégio, não obstante o tio J. dizer que não tinha qualquer problema. Acordaste super bem disposta e assim estiveste todo o dia em casa da avó. Durante três dias queixaste-te quando vestias ou despias camisolas. Nada mais. Hoje é sábado e já “esquecemos” todos o final de tarde de segunda-feira passada.

22 weeks pregnant

Your baby's skin is still quite wrinkled because he has so much growing still to do. But his face and body are beginning to look more like those of a newborn as his lips, eyelids and ears become more distinct. If people are telling you that you look smaller or bigger than you should at this point, remember that all women and their babies grow at different rates. What's important is that you see continuous growth and change, not how fast or slow it is. 

Your three year old, second month

Yuck... Peas! Parenting a preschooler demands patience — perhaps nowhere more than at the dining table. Your child may skip meals, pick at her veggies, refuse to eat meat, or eat only white-coloured foods for weeks on end. Don't panic! These erratic eating habits are perfectly normal, especially at this age.

"Diz a rota à nua"


Tu: Sua mandona!!!
Eu: Eu? Tu é que és uma mandona.
Tu: Não sou, és tu.
Papá: Não vale a pena... diz o roto ao nu.
Ahahahahahahah.

Sabes tanto... ...


No carro, uns minutos após eu ter refilado contigo por qualquer coisa de que já não me recordo:
Tu: Mamã?
Eu: Sim.
Tu: Gostas de mim?
Eu: Gosto pois. Gosto muito, muito de ti.
Tu: Eu tambééémm.

Das tuas no último mês e meio...


- Mamã, já fiz (cocó)!!! Tou aviada.

Tu: Mamã, tenho uma surpresa para ti.
Eu: Ai sim! O que é?
Tu: Toma, Merry Christmas!!!

Vou levar este cepe de plasticina para a Madalena P. Quando ela fizer anos, levo para a festa dela, ela vai gostar!

- Mamã este lápis não está em condição.

- Papá essa sopa não tem bom aspecto…

Tu: Papá posso ir buscar a chucha?
Papá: Margarida já falámos sobre isso, não vais dormir pois não?
Tu: Papá, eu vou só dar uma chuchadela e arrumo, ok?!

Eu: Então como foi o teu dia querida? O que fizeste hoje no Colégio?
Tu: Fiz dois disparates.
Eu: Dois??
Tu: Sim.
Eu: Hum... E quais foram?
Tu: Não fui para a fila do comboio e falei alto à R.
Eu: Ah... isso é que não foi bonito.
Tu: Pois não.
Eu: E ficaste de castigo?
Tu: Não.
Eu: Não? Então mas a R. zangou-se contigo?
Tu: Sim.
Eu: Está bem. E que mais fizeste?
Tu: Mamã já disse o que tinha a dizer da escola.

De voz rouca e nariz entupido:
Tu: Elas não podem cantar como um rouxinol, porque elas são más. A Cinderela é que pode, poque ela é pincesa! E eu também posso.
Eu: Podes?
Tu: Sim, posso cantar como um rouxinol poque sou uma pincesa e uma mosqueteira!

Tu: Pai, de quem é este carro?
Papá: É nosso, meu, da mãe, teu.
Tu: Onde está o Faísca da mãe?

Tu: O que é que eles estão a fazer?
Papá: A casar. Para viverem juntos e terem filhos, assim como eu e a mamã fizemos.
Tu: Eu também quero casar contigo papá.

Tu: Mamã tens de comprar aquele doce?
Eu: Qual doce?
Tu: Aquele, banco com açúcar castanho que eu gosto muito. Ok?! Ok mamã?
(A referires-te a um doce de nata com serradura)

21 weeks pregnant

You may soon feel like your baby's practising martialarts as his initial fluttering movements turninto fully fledged kicksand nudges. As your pregnancy progresses, you may be able to decipher a pattern to his activity. Some babies are restless in the evening, just as you're trying to fall asleep; others get busy during the day time. Your baby may be trying out different facial expressions around now, although his eyelids still remain closed.

Coisas que nunca deverão mudar em Portugal


O pai enviou-me este e-mail há uns tempos. Palavras do Embaixador da Grã Bretanha ao deixar Portugal. Espero que precise eu mais de ler isto do que vocês alguma vez. Espero sinceramente.
20 de Dezembro de 2010 (..) em vésperas da minha partida pela segunda vez deste pequeno jardim, posso eleger dez coisas que espero bem que nunca mudem em Portugal.
A ligação intergeracional. Portugal é um país em que os jovens e os velhos conversam - normalmente dentro do contexto familiar. O estatuto de avô é altíssimo na sociedade portuguesa - e ainda bem. Os portugueses respeitam a primeira e a terceira idade, para o benefício de todos.
O lugar central da comida na vida diária.  O almoço conta - não uma sandes comida com pressa e mal digerida, mas uma sopa, um prato quente etc., tudo comido à mesa e em companhia. Também aqui se reforça uma ligação com a família.
A variedade da paisagem.  Não conheço outro pais onde seja possível ver tanta coisa num dia só, desde a imponência do rio Douro até à beleza das planícies  do Alentejo, passando pelos planaltos e pela serra da Beira Interior.
A tolerância. Nunca vivi num país que aceita tão bem os estrangeiros. Não é por acaso que Portugal é considerado um dos países mais abertos aos emigrantes pelo estudo internacional MIPEX.
O café e os cafés. Os lugares são simples, acolhedores e agradáveis; a bebida é um pequeno prazer diário, especialmente quando acompanhado por um pastel de nata quente.
A inocência. É difícil descrever esta ideia em poucas palavras sem parecer paternalista; mas vi no meu primeiro fim de semana em Portugal, numa festa popular em Vila Real, adolescentes a dançar danças tradicionais com uma alegria e abertura que têm, na sua raiz, uma certa inocência.
Um profundo espírito de independência. Olhando para o mapa ibérico parece estranho que Portugal continue a ser um país independente. Mas é e não é por acaso. No fundo de cada português há um espírito profundamente autónomo e independentista.
As mulheres. O Adido de Defesa na Embaixada há quinze anos deu-me um conselho precioso: "Jovem, se quiser uma coisa para ser mesmo bem feita neste país, dê a tarefa a uma mulher". Concordei tanto que me casei com uma portuguesa.
A curiosidade sobre, e o conhecimento, do mundo. A influência de "lá" é evidente cá, na comida, nas artes, nos nomes. Portugal é um pais ligado,  e que quer continuar ligado, aos outros continentes do mundo.
Que o dinheiro não é a coisa mais importante no mundo. As coisas boas de Portugal não são caras. Antes pelo contrário: não há nada melhor do que sair da praia ao fim da tarde e comer um peixe grelhado, acompanhado por um simples copo de vinho.    Então,  terminaremos a contemplação do país não com miséria, mas com brindes e abraços.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

20 weeks pregnant

By now you can probably feel your baby move around. Enjoy it — those butterfly flutters are one of the true joys of pregnancy. She's also giving her new digestive system a little practice by swallowing amniotic fluid, from which she absorbs nutrients and water. The unabsorbed matter continues into her bowel where it concentrates into meconium, the greenish black or light brown substance she'll pass the first few days after she's born.

Reunião

Resumindo: Estás muito bem no colégio. Integraste-te lindamente. Parabéns por seres a menina concentrada, focada, evoluída, interessada, curiosa, persistente, amiga, meiga, inteligente. Parabéns por, não tendo frequentado qualquer creche antes de entrares nos 3 anos, não se notar qualquer diferença relativamente aos outros meninos – muito pelo contrário – sobretudo, sendo tu das 4 mais novas da tua turma (com meninos a fazer os 4 anos em Janeiro e Fevereiro). A melhorar… a tua irreverência. A R. disse logo que, tendo em conta que acabaste de fazer três anos, não se podia falar em mau comportamento, nem em nada que não fosse mais do que natural nesta fase do teu crescimento. Contudo, frisou que o facto de agora estares a testar limites à séria, não obstante ser normalíssimo, não poder deixar-se passar. É agora o momento de pais e educadores serem firmes. Se necessário, aplicarmos castigos se conversar não for suficiente. Com a R. e com a G. mostras respeito, a par de carinho e mimos, mas não sem antes puxares ao máximo e tentares levar as tuas vontades avante. Falas alto (demasiado alto) a maior parte do tempo, mas cremos todos que não se deve a qualquer problema de audição. A R. confessou que meninos e meninas como tu, são mais compensadoras, dão mais luta e são mais reconfortantes. Nota-se que sempre falaram com ela de igual para igual, fala como nós, entende tudo, questiona correctamente e reflecte sobre as coisas – disse-nos. Falou-nos sempre de sorriso aberto, dado que de facto, é notório como as conquistaste desde o primeiro dia. Têm conseguido dizer-te que não, sendo por vezes necessário fazer-te sentir o mesmo, ou explicar-te e deixar-te a pensar no assunto uns momentos. Isso é suficiente para que, nesta fase difícil para ti de auto-conhecimento e de descoberta dos outros e das relações pessoais, cresças e entendas, sofrendo o menos possível, pois a verdade é que estás a começar a perceber, a pouco e pouco, que o Mundo, afinal, não gira à tua volta… Desde que entraste que a tua evolução semanal é notória. Desde os desenhos que fases, às pinturas, à linguagem que utilizas, às brincadeiras, à interacção e à percepção nos jogos, ao vestir e despir, comeres sozinha de faca e garfo (embora ainda sujes tudo à volta), à tua (ainda maior) independência no geral. A R. salientou que, de facto, és muito independente. É uma questão de feitio, mas que se concretiza facilmente, dado que és entusiasta e destemida em tudo o que fazes. Disse-nos que muitas vezes não sabe como não te magoas: o facto de seres destemida leva a “acrobacias” inquietantes. Tendo dito isto não vislumbrou qualquer surpresa nas nossas caras… J A R. salientou ainda que se nota o quão equilibrada és: “vê-se bem que tem muito amor e atenção, miminhos em casa, por parte de vocês pais e da avó. Quando eles pedem miminhos de vez em quando, só no momento em que precisam e, fora isso, até os recusam, nós percebemos que não têm qualquer carência”. Disse a R. que, tanto nós como a avó M., estamos também de parabéns. Eu confesso que, tendo em conta que te “obrigámos” a entrar repentinamente, saída do conforto do útero materno e depois da tua casa e do teu jardim neste Mundo, eu acho que quem está de Parabéns és tu. És destemida, perspicaz, lutadora, feliz, sorridente, meiga, amiga, inteligente, exploradora. Não se pode pedir mais nada. Esperávamos em Setembro ansiosos que te desses bem com esta enorme mudança. Não me engano, sei que tens dias que serão mais difíceis que outros; sei que nos primeiros andaste triste; sei que a frustração e a ofensa de ouvires um “não”, um 2não quero brincar contigo” ou teres de fazer o que te dizem quando querem, sem poderes pedir colo à mamã e ao papá, são terríveis, mas sei, em última instância, que estes dias são largamente ultrapassados pelos dias felizes. Adoras as tuas tarefas, os teus trabalhos, os teus colegas de turma. Cantar, dançar, contar e ouvir histórias, desenhar, pintar e aprender números, letras, formas e tantas coisas mais. Gostas muito da R. e da G. e do teu colégio. Tudo isto, confirmado na primeira reunião exclusiva sobre ti com a tua educadora, faz-me sorrir no final deste texto, feliz, e secar as lágrimas que me foram caindo em algumas frases deste texto. 

A Mana


Tu: Mamã, a Maria já nasceu?
Eu: Não querida. Prometo que quando ela estiver quase a nascer eu aviso-te. Ainda falta muito. Além disso, quando ela nascer vais logo, logo vê-la e a barriga da mamã não vais estar tão grande.
Tu: Então ainda dá tempo para fazer desenhos e recotes para a Maria?
Eu: Claro que sim!
Tu: E mamã, vamos às compras, compar muitos bonequinhos e pinturas para o quarto dela ficar lindo!!!

Business 0-1


Tu: Não quero mais sopa.
Eu: Só mais três colheres, pode ser?
Tu: Quatro, ok?
Eu: Combinado! Lol!

Sempre que te perguntam…


o que tem a tua mãe na barriga? ou Já sabes se vais ter um mano ou uma mana? respondes prontamente:
A minha mãe tem um bebé na barriga. É a minha mana que vai chamar-se Maria e eu vou ser a irmã mais velha!

Neste Natal


Avô F.: Então Margarida, queres muitos presentes?
Tu: Sim!
Avô F.: Então e escreveste a carta ao Pai Natal a dizer quais são?
Tu: Não…
Avô F.: Isso é que é pior, assim não sei como vai ser…
Tu: Mas os meus pais escreveram avô, escreveram ao Pai Natal a dizer os presentes que eu queria!

À hora de almoço:
Avô F.: Sabes Margarida, eu perguntei ao Pai Natal se ele estava por aqui e ele disse que sim…
Tu (de olhar muito sério): Mas eu não o vi…
Avô F.: Está bem, mas não te preocupes que eu falei com ele, eu conheço-o.

Depois de jantar, o avô disse que tinha ligado ao Pai Natal e que ele disse que estava a chegar. De olhar muito aflito, viraste-te para o papá que estava mesmo ao teu lado, tiraste a chucha da boca e disseste:
- Papá toma, toma a chucha papá! Mamã despacha-te, o Pai Natal vem aí, tem de estar tudo arrumado pa eu receber pesentes!!!

Com praticamente metade dos presentes que estavam debaixo da árvore abertos, o avô disse que ia voltar a telefonar ao Pai Natal para confirmar se realmente tinhas merecido receber todos aqueles presentes e se podias mesmo continuar a abri-los. Por via das dúvidas, decidiste ir com ele. Lá foram os dois, ligar ao Pai Natal. Entraste na sala toda contente, aos saltinhos:
- Mamã, o avô ligou ao Pai Natal e ele disse que eu podia abrir mais presentes!!!

STOP!!!


- Mamã tão quida! - a fazeres-me festas na cara – Minha quida, minha goducha…
STOP!!! Barriguinhas, barriguita, mamã outra vez, mamã ao quadrado… gorducha não!!!!!!!!!!!! J

Irmã mais velha


Parece que depois de uma semana e meia depois de termos a certeza que vamos ter outra menina, lá te conseguimos convencer que não seria um Tony. Agora sim: falas sempre na Maria. Não esqueceste o Tony, até porque continua um dos teus grandes amiguinhos da turma, mas que a mamã tem a Maria na barriga, é já um facto adquirido para ti. Um dia nessa semana e meia, também realizaste que vais ser uma mana, mais concretamente, vais ser a irmã mais velha. Isso então… encheu-te de orgulho. Sorriste, repetiste vezes sem conta e gritaste aos sete ventos. Agora é só falarem na barriga, no bebé ou numa Maria, que te despachas de imediato a avisar que tu vais ser a irmã mais velha!

Das últimas


As duas a arrumar roupas tuas que serão agora para a bebé.
Eu: Não te dói as costas Margarida?
Tu: Não.
Eu: Que forte, a mim doem-me.
Tu: Não te preocupes mamã que eu tomo conta de ti.
(…)
Eu: Sabes que esta roupinha é tua, vestis-te toda quando eras bebézinha. Não te importas de emprestar à mana?
Tu: Não mamã! Não m’impoto! E empesto todos os meus binquedos. E ela dorme na minha cama, ao pé de mim.
Eu: A mamã não se importa que a Maria durma ao pé de ti, eu até acho uma óptima ideia, mas sabes, de início, logo depois de ela nascer, terá de dormir no quarto da mãe e do pai porque a mãe tem de lhe dar leitinho a meio da noite.
Tu: Mas eu dou mamã.
Eu: Quando a mana beber do biberão podes dar, mas logo depois de nascer o leitinho que ela bebe vem da maminha da mãe…
Pensaste uns minutos…
Tu: Não faz mal mamã, eu dou. Eu pego na tua maminha e dou!

Tu: Mamã estamos a ir para casa?
Eu: Sim estamos.
Tu: E o papá já está em casa.
Eu: Não, ainda não.
Passados uns minutos.
Tu: Mamã, mas não ligaste ao Ricardo a dizer!!!

Eu: O nome do episódio é ”o que é que eu quero ser”.
Tu: Ela quer ser crescida.
Eu: Não filha, o que é que a Princesinha quer ser quando crescer; quer ser professora, polícia, enfermeira… E tu já sabes o que queres ser?
Tu: Eu quero ser médica. A Princesinha quer ser bailarina.

O papá explicava-te:
Papá: Vou-te dizer uma coisa que tu ainda não sabes filha, os animais não têm supermercado. Os animais grandes comem os mais pequenos…- credo, pensei eu… a criança fica horrorizada… - …Por exemplo a orca come peixinhos…
Tu: e o leão come hambúrgueres!

Tu: Olá pai, o chouriço!
Papá: Ou-ri-ço filha, ouriço.

No restaurante, todos à mesa:
Papá: Porque é que tiraste os sapatos Margarida?
Tu: Porque não se está de sapatos no sofá…
Eu: Queres alguma sobremesa? Há fruta e…
Tu: Eu quero mousse.
Eu: mas mousse não há.
Tu: Há que eu vi. (Levantaste-te da mesa e foste mostrar. Era leite creme e não mousse. Voltaste para a mesa).
Eu: Já vem o teu leite creme.
Tu: Abracadabra, pimpirilimpimpim, faz aparecer um leite creme para mim!

Tu: Olá mamã! Olá Maria! (enquanto levantavas a minha camisola e falavas para a barriga). Posso dar festinhas mamã?
Eu: Claro que sim.
Tu: Ela gosta?
Eu: Gosta muito e sente as festinhas. E ouve-te falar. Depois quando a Maria nascer, já te conhece, conhece a tua voz, já sabe que és a sua irmã mais velha.
Deste muitas festinhas e beijinhos na barriga. Depois disseste:
Tu: Ainda não disse à G. e à R. que vou ser a irmã mais velha!
Eu: Podes dizer já para a semana, quando regressares ao Colégio.
Tu: Vou dizer!!!

Perante a barba rala do avô F.:
- Avô tens aqui açúcar… (com as mãos na cara do avô).Avô esse açúcar pica!
O avô riu-se… E tu continuaste a observar espantada:
- Mas avô, tu tens açúcar por toda a cara!

Tu: Porque é que compraste um carro preto papá?
Papá: Porque gosto do carro em preto.
Tu: Eu queria um carro vermelho!
Papá: Quando fores crescida quem sabe poderás ter um vermelho.
Tu: Sim, eu e a Madalena P. que também vai ser uma mosqueteira como eu e vamos ter um carro vermelho!

Ao colo do pai, com o peluche pato Pedro pela mão, pendurado atrás das costas. Passas o pato para a tua frente e gritas – tipo “aviso à navegação”:
- Bonecos à frente!!!

Soprei para apagar uma vela.
- Mamã, estás a soprar… a Maria já saiu?!!?? Ahahahahah.
Até já fazes piadinhas…

Eu: Margarida é mesmo uma menina que está na barriga da mamã. É a Maria.
Tu: Mas mamã, que quero um menino.
Eu: Eu sei querida, mas desta vez ainda não é um menino. Talvez haja uma próxima vez.
Tu: Olha mamã, eu dou a minha chucha ao Tony, mas também dou uma à Maria, ok??
Eu: Ouve lá a mãe Margarida, a tia C. já confirmou. Viu uma menina dentro da barriga da mamã.
Tu: Mas quando eu tiver a barriga grande como tu, com um bebé, a tia C. vai dizer que é um mano!
Eu: Que grande confusão… Ainda falta muito, muito tempo para teres uma barriga como a da mãe. Talvez nessa altura seja um menino, mas não vai ser teu mano. Mana é a Maria.
Tu: Tá bem…

Papá: Ai filha, tu quando cresceres vais ser mesmo um terror…
Tu: Olha pai, pai eu vou ser uma estrela e uma mosqueteira!!!

1.ª tentativa


Por volta de 9/10 de Dezembro, já tendo a certeza de que iríamos ter outra menina, fizemos a primeira tentativa junto de ti, de te convencer que não era, de facto, um menino, um Tony.
Eu: Margarida sabes que a tia C. hoje teve a ver a barriga da mãe.
Tu: ‘Teve?
Eu: Sim, esteve e ver muito bem e viu que o bebé tem um pipi, é uma menina!
Tu: Não mamã, é o Tony.
Eu: Mas filha a tia C. confirmou, viu muito bem: é mesmo uma menina.
Tu: Mamã tem uma pilinha, não tem um pipi! Não te preocupes!
Ai não?....

Crescida sim, mas ainda criança

É comum depreendermos por milésimo de segundo que entendes tu, apreendes, compreendes. Tudo o que te dizemos ou transmitimos, ou explicamos. Mas a verdade é que, não obstante o teu ar entendido, a tua automática repetição do explicado, no momento e mais tarde, não é bem assim. Afinal, só agora fizeste três anos! És uma criança. Para mim és, aliás, o meu bebé. Não me entendas mal: cresce e abre as asas, voa! Mas és o meu bebé. Ainda és. Ainda o sinto, assim te vejo, assim te olho muitas vejas. Falas tão bem, aplicas sem erro o que sabes e segues raciocínios como ninguém, interrogas até estar tudo muito claro para ti (normalmente os interrogatórios são exaustivos) – desde cedo, expressas-te tão bem, evoluíste estrondosamente desde que entraste para o Colégio nestes campos (e também ao nível motor e ao nível social e cognitivo, claro) que é de facto muitas vezes difícil pensar que o nosso bebé pode não estar a entender algo exactamente como o estamos a transmitir, ou desejaríamos. Quando realizamos, por alguma coisa que dizes ou algo que fazes, o nosso sorriso é franco. Sorrimos por seres ainda a nossa bebé, por não estares assim TÃO crescida, por ser natural que ainda não chegues “lá”, por sermos uns pais que presumem erradamente (afinal somos completamente inexperientes)…