terça-feira, 15 de março de 2011

Maria

Na primeira gravidez senti-me muito menos insegura… Estranho? Talvez. Diz quem sabe que nem por isso, muito pelo contrário. Na primeira vez vivi a gravidez dia a dia, sem grandes ansiedades, sem pensar muito no dia seguinte, mas sempre no momento, nas sensações, na novidade, no acontecimento por si só, no bebé. Também não te tinha a ti Gui, por isso estava mais desocupada. Era um dia de cada vez, em jeito de descoberta diária de algo completamente novo e único. Único continua a ser. Sem dúvida. E ser a 2.ª barriga é também novo, diferente. Apenas quando iniciei a preparação para o parto às 25 semanas é que fui, daí em diante, descobrindo alguns receios, percebendo uma ou outra situação que pudesse não correr tão bem, ouvindo histórias e partilha de experiências. Ainda assim, não era nada real. O parto, o bebé, os cuidados, as angústias. Real eras tu, dentro da minha barriga; real era uma barriga que crescia semanalmente; real eram os teus pontapés; mais para o fim as noites mal dormidas. Contigo Maria, não é assim. A ansiedade é enorme. Ter-te nos braços é tão mais fantástico e maravilhoso do que ter-te na barriga!!! Parece-me incongruente, mas a verdade é que sinto um misto de serenidade e menos euforia de “segunda vez”, com receios de tudo o que – já tenho perfeita noção – pode não correr bem. E nem tenho motivos de preocupação! A tua mana correu tão bem em todos os aspectos! Não tem sido a subida de leite tão dolorosa, nem teria mesmo nada de menos bom a apontar. Nada. Dou por mim a (voltar a) relativizar mais cedo. O quê? Tudo. Tudo o que nos rodeia, o que nos poderia afectar, o que é na realidade sem importância. Desejo cada vez mais, a cada dia que passa ter-te nos braços Maria. Saber se poderei dar-me por sortuda por mais uma vez, por um bebé saudável, um parto “de sucesso”, uma capacidade de abarcar a tua entrada neste Mundo cruel. Descobrir como tu Margarida, reages à mana. Olhar para vocês e ver parecenças, juntar as vossas cabecinhas para fotos lindas das duas. Saber como é poder passear-te desde logo, na Primavera. Estar despachada desta (que não tarda ficará enorme) barriga e poder antes dar-te colinho bebé. Ver-te a ti tratar da mana enquanto a irmã mais velha :-). Mas aqui para nós… sinceramente…? Tenho pensado muito nesta ansiedade estranha e chego a uma conclusão: a barriga, o parto, a amamentação são desculpas. Sinto na verdade uma enorme pressão; sentimentos de culpa antecipados em relação à minha primogénita: dar-te uma irmã é bom. Será? Sim, sei que sim! Mas não te farei sofrer muito com o impacto de uma nova (não obstante tão pequenina) pessoa, que vai requerer tanto de nós e invadir o teu espaço (não só físico)?... Estou certa que amar a dois é amar mais. O coração não se divide, antes se multiplica. Sei bem que sim. Mas o que fazer? Assim me sinto…

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