terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Há um ano atrás… 19122008


Há precisamente um ano atrás, tinha dormido mal, sobretudo pouco. Estava ansiosa, um pouco receosa. Sentia-me fora do meu próprio corpo. Não sabia o que imaginar, o que pensar, só queria que o dia chegasse ao fim, pois tinha a certeza de que nessa altura, tudo estava bem, tudo estava diferente, tudo mudaria, tu estarias nos meus braços finalmente.
A indução começou às onze, mas às 8h00 já estávamos no Hospital. Chovia imenso e assim permaneceu todo o dia, pelo menos, até me lembrar de olhar pela janela. De início o tempo demorou a passar. À tarde já não tanto. À noite, como a dilatação avançava, já quase não aguentava de uma estranha feliz antecipação. Já tarde, recebemos a notícia de uma possível cesariana, em virtude das contracções muito seguidas terem levado o teu batimento cardíaco chegar aos 60... Aí chorei. Não queria nada que fosse assim. Recuperaste. Eu também. Mantiveste-te calma e eu muito, muito sossegada, com máscara de oxigénio. Veio o reforço da epidural. Fiquei eu mais serena. Depois foi tudo num ápice! Dilatação total. Sala de parto. “Podes ir fazendo força quando sentires as contracções, que eu venho já, já” – disse a Tia C. Assim fiz. O papá agarrou-me a mão, olhava-me cansado e ansioso, feliz. Veio a tia C. e as duas colegas. Grande festa, muitos sorrisos, palavras de apoio, ordens. “Só fazes força quando dissermos, assim nem pontos tens de levar!”. “Ok!”, disse eu. Estava na hora. Já passava da meia-noite. É já dia 20. Ainda és sagitário (pensei eu a dada altura ainda na sala de dilatação. Enfim, pensamos em tantas coisas durante um dia inteiro no mesmo sítio, enquanto nos limitamos a esperar). 00h46, nasceste. Um parto de sucesso. Índice de apegar 9/10. Respiraste, choraste. Chorei também. Senti-te na minha barriga. Levaram-te em seguida para te lavar e vestir. A tia C. estava de Parabéns, enquanto tia, enquanto médica. O pai também. “E eu, não estou?” Pensei. Voltaste. O pai pegou-te. Olhou-te demoradamente. Não levei pontos. Sentia-me bem. Nem estava muito cansada. Tinha frio. “Eu vou levá-la mas é só para ela aquecer um bocadinho. Os bebés têm muito frio quando nascem, ainda por cima em Dezembro. Não se preocupe, trago-a já.” Disse a enfermeira. “Está bem” – disse eu. O papá deu-me um beijo demorado. Acompanhou-me até ao corredor. Voltaste para mim. Estavas finalmente ao meu lado, sob as minhas “asas”, para sempre. Mamaste pela primeira vez. Logo em seguida dormiste. O pai teve de se ir embora (não era permitido ficar mais tempo). 2h00 da manhã. Fomos as duas para o nosso quarto. Fiquei a olhar-te. Perdi a noção do tempo, das horas. A enfermeira foi ver-me. Disse-lhe que não te queria senão na minha cama. Estava frio. Ela acedeu. Não me mexi a noite toda, com receio de te incomodar, de te acordar. Mas tu dormiste sempre profundamente. Quando não ouvia o teu respirar, aproximava-me ainda mais de ti. Descansava. Respiravas fundo diversas vezes. Consolava-me. Aconchegava-te a cada instante, fazia-te festas, olhava-te. Finalmente estavas pertinho de mim, mas fora de mim. O meu anjinho era lindo, bochechudo, com imenso cabelo preto e olhos a condizer. Eras perfeita. És perfeita. Não eras nada do que imaginei, eras tão mais que isso. És tão mais… Dormi pouco, mas descansei. Acordava de 3h em 3h para te dar de mamar. Consegui sempre acordar. Demorava muito era a despertar-te. : - ) Estava feliz. Estou feliz. Estás aqui. Finalmente chegaste. O meu desejo mais antigo realizou-se. Realizou-se há precisamente um ano atrás.

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