terça-feira, 14 de abril de 2009

Destroçada

Festa de aniversário dos “tios” gémeos. Passava pouco da meia-noite. Estávamos já na abertura dos presentes. Tínhamos ido ver-te ao quarto há não mais que 10 minutos: dormias profundamente. De repente, alguém chama por nós na sala no meio da confusão e das pessoas. Os braços no ar indicando a pessoa atrás que por sua vez indicava outra atrás também, enquanto diziam, a Margarida acordou. Eu e o papá fomos “furando” para tentar chegar depressa ao pé de ti. Quando passei a porta da sala, vi-te ao colo do “tio” A., completamente lavada em lágrimas. Ele disse-me que estavas no corredor, a chorar e a chamar por mim. Confesso que nem ouvi tudo até ao fim. Peguei em ti ao colo de imediato. Agarrei-te muito e apertei-te contra o meu peito. Choravas a soluçar. Estavas ainda muito assustada, provavelmente por momentos antes achares que te tínhamos deixado sozinha, ido embora. Demoraste uns 15 minutos para acalmar… Sentei-me à beira da cama, no quarto, longe do barulho e da confusão. Enquanto te embalava repetia-te vezes sem conta ao ouvido “A mamã está aqui. O papá está aqui. Não fomos embora. Nunca te vamos deixar.” As lágrimas escorriam-me pela cara. Suspiravas e soluçavas, muito embora já não estivesses a chorar. Nunca te vi tão enervada, tão assustada. Pudera. Acordar num quarto estranho, numa casa estranha, saíres da cama sozinha, abrires a porta e deparares-te com um corredor escuro… Ao longe barulho, muita gente… Enfim. Já passou, disseram-me. Sim, já passou, mas não me conformo. Custou-me horrores ver-te assim, desamparada.
Quando depois chegámos a nossa casa e depois do biberão de leite, ficaste a dormir na tua cama, aparentemente bem. Mas ainda chamaste por mim duas vezes, mesmo a dormir… Que aperto no coração. Foi horrível. Senti-me uma mãe péssima. Senti-me destroçada por dentro ao ver a minha filha, bebé a chamar por mim, completamente desorientada e a achar que a abandonaram. Perdoa-me filha. E obrigada amiga I., pelas palavras de conforto:
- Esta não vai ser a primeira nem a última vez que ela se vai sentir sozinha e desorientada. É com estas coisas que ela vai crescendo e aprendendo. Espera até ela estar no super, mesmo ao teu lado mas achar que te perdeu... vai ser berraria de certeza. Tu é que não podes ficar assim mais assustada e desorientada que ela porque assim ela vai achar que realmente estava numa situação má...
- Tens toda a razão! Mas eu fiquei mesmo triste por a ter desapontado, entendes? Por não ter estado lá para ela! É a minha obrigação...
- Não Filipa! A tua obrigação é fazer o que fizeste. Pegá-la a seguir ao colo e mostrar-lhe que está tudo bem e que ela não precisa de se preocupar.
Vou acreditar que sim… : - )

Um comentário:

cristina disse...

Pois está claro que sim!!! que disparate amiga! Sentimento de culpa muito tonto!... Mas, deixa, eu percebo-te tão bem... ;) Beijos