terça-feira, 14 de maio de 2013

Minha querida filha,

Pulos e pinotes, correrias, cambalhotas, rodas, dança, dança em pontas, pinos, subidas às árvores, às redes, às redes metálicas (as que não são para subir); às construções de madeira (tudo isto e, preferencialmente, sempre de saia ou vestido)… Mesmo que as tuas rodas – tal como as tuas cambalhotas – já sejam perfeitas e o teu equilíbrio seja cada vez maior, cada vez que os fazes fora de sítio/ambiente próprios pode (e dá com muita frequência) asneira… E não me refiro a asneira por te porem de castigo ou levares um ralhete, por sujares a roupa ou esfolares o joelho. Falo em quedas. Quedas algumas relativamente graves. Quedas que resultam em nódoas negras diárias, hematomas, pés torcidos, feridas, arranhões, lábios em sangue… Sim, é verdade que eu também andava sempre pendurada em cordas, redes, construções de madeira e ferros, levava o balancé ao limite (estando eu de pé e não sentada) até bater no ferro de cima… É verdade que – talvez por isso mesmo – andei muitos anos na ginástica acrobática onde podia desforrar-me nos trampolins, tapetes e cama elástica, com mortais, flic-flacs e afins. Também é verdade que, se por um acaso fores pelo mesmo caminho, provavelmente deixarás de fazer tanta “maluquice” fora do ginásio (leia-se, no recreio, no jardim, em casa). O problema é que, até lá, pode correr mal. Isso é que nós não queremos. A penúltima que me lembro foi vires com uma dor nas costas por teres dado uma pancada no comboio da escola (que é de madeira) em virtude de uma cambalhota – onde claramente não é suposto fazer-se nada mais do que estar sentada. A última é a dor que tens no peito desde 5.ª feira (ainda que só te lembres dela à noite) porque, em sítio idêntico, decidiste… dar uma cambalhota… Será pedir muito que saltes e danças e dês cambalhotas nos locais e horas próprias? E as tuas pernas? Senhores as tuas pernas… E em casa? Saio da sala com o aviso de “tira os pés da parede, o sofá não é para fazer pinos”. Volto a entrar na sala a correr porque oiço no quarto a tua cabeça a bater na parede ou no chão… Mas porquê??? Este fim-de-semana o tio J. deu-te um sermão (e enquanto médico). Não sei se servirá de alguma coisa. Prometeste ao seu lado que ias tentar fazer menos destas coisas. Valha-nos essa promessa à frente dele e de todos os que estavam à mesa. A tia C. advertiu para o facto de, um dia num hospital, acharem que era capaz de ser demais tanta mazela e chamarem a segurança social!!!!! Certo, a tia estava a brincar e riu-se e tudo… Mas é que não é nada que não me tenha já ocorrido! Oh menina do meu coração… mais devagar por favor. Ass. Mãe extremamente preocupada.

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