domingo, 18 de abril de 2010

As últimas


- Lago não lambas a pilinha, isso é feio!

Querias colo e pedias insistentemente à avó M. A avó tentou dissuadir-te e disse-te:
- Margarida a avó não te pode dar colo, está cansada e tu estás pesadona!
- Avó M., não estou nada pesadona!

Tinhas visto o filme do Peter Pan. Estavas ao colo do pai e zangaste-te mandando um copo ao chão. O pai disse-te que o tinhas de apanhar antes de brincar contigo. Não quiseste. O papá insistiu. Ficaste ainda mais zangada. Entretanto, lá foste apanhar o copo, contrariada. Para mudares de assunto e justificar o teu mau levantaste-te e disseste de beicinho: eu não acredito em fadas... Não acreditas em fadas Margarida?, perguntou-te o pai. – Não! Chegaste à cozinha e encontraste uma mosca que por ali andava e ainda concluíste – E não acredito em mocas!

Dizias para mim:
- O Lago é muito fofinho. Os animais são muito queridos.

Contava-te a história da Branca de Neve antes de dormires. ...E então chegou o príncipe e aproximou-se da Branca de Neve...
- O Pínchepe encantado mamã!

Zanguei-me contigo por uma asneira que fizeste. Limitei-me a dizer-te isso mesmo:
- Margarida a mamã assim fica triste contigo. Já sabes que não deves fazer isso.
Reflectiste uns minutos sobre o assunto. Depois, puseste a mão na minha cara e disseste:
- Mamã?
- Sim Margarida.
- Mamã, mas tu pometeste.
- Prometi o quê?
- Pometeste uma coisa...
- E o que foi que eu prometi?
- Pometeste que não batias...
(lol, não prometi nada, mas também não bati!)

- Margarida os ténis são para andar na rua, em casa andamos de pantufas. Sabes isso?
- Eu sabo.

Desde que a barriga da tia C. já se nota que esta conversa entre nós as duas é recorrente:
- Mamã?
- Sim querida.
- Também tens um bebé na barriga?
- Não filha, a mamã não tem. A tia C. é que tem.
- Tens, tens... (com ar traquina e feliz)
- Meu amor a mamã não tem nenhum bebé na barriga. A sério que não.
- Ah... está bem... (ainda desconfiada)

Sentada no sofá comias um bocadinho de folar. A “tia” S. perguntou-te
- O que é que estás a comer Gui?
Ficaste visivelmente atrapalhada com a pergunta. Olhaste para o bolo, olhaste para ela. Pensaste. Esperaste. Já confiante respodes contente:
- Rei de bolo!
(Ahahahahahah! Muito bom! Foi um fartote aqui por casa.)

- Papá estás de verde, como o Peter Pan!
(Nova paixão...)

Eu: Olha, é o Peter Pan!
Tu: É o Peter Pan?
Eu: Sim filha!
Tu: Mas não parexe...

Numa visita à Quinta Pedagógica há uns fins-de-semana atrás, encontrámos um pequeno tractor de uso interno arrumado a um cantinho. Pediste para te sentares. Já instalada disseste:
- Tens moedas papá para eu andar? E tu mamã?
Depois repetiste a pergunta quando sentada num cavalinho de madeira... Lol!

Eu: Margarida a mamã não quer que tu andes assim a correr pela casa, sempre a cair!
Tu: Que se paxa mamã?
Eu: Eu fico preocupada, porque tu cais e podes magoar-te.
Tu: Eu não preocupo-me!
Eu: Mas preocupo-me eu!
Sais da cozinha enquanto sussurras...
Tu: Mamã, vai discutir...
Com outro, devia ser o que querias dizer... Muito bom!

- Mamã quero uma bolacha de baunica faz favor...
De quê???

No carro:
Tu: Mamã aqui não há mais xemáfos, pois não?
Eu: Não filha.
Tu: Vai aparecer outro papá, não te pirocupes.

Saudadinhas
Eu: Vamos jantar a casa dos amigos da mamã e do papá, está bem?
Tu: Mas pimeiro vamos a casa da avó M., tá bem mamã?

No carro:
Tu: Tá verde.
O pai trava.
Tu: Ooppsss. Papá tá vermelho.

Vi que estavas sujas depois de comeres a papa:
Eu: Filha tens a cara toda branca de papa.
Tu: Mamã, e o que achas da minha camisola?
Pois, ainda não tinha visto essa desgraça, lol!

Conversa profunda...
Tu: As àrvores tão doentes, já não há, os senhores levaram...
Eu: Os senhores plantam outras novas.
Tu: Eu rambém quero ajudar, regar. Sozinha.

Durante a semana eu e o papá levamos sempre iogurte, fruta ou bolachas num saquinho. Acordaste um destes dias e disseste-nos:
- Bom dia mamã! Papá vais tabalhar? Com as bolachas?

Num dia à tarde quando te fomos buscar a casa da avó:
- Senta ao pé de mim no carro mamã, vai quietinha.

Espirraste:
Eu: Santinha filha.
Tu: Obrigada mamã.

Eu: Queres ajuda Margarida?
Tu: Não obrigada mamã!

Durante o dia o papá pôs-me a par de uma birra enorme que fizeste pela manhã.
Eu: Está tudo bem filha, correu bem o teu dia?
Tu: Xim. Mas fiz uma birra.
Eu: Conta lá o que se passou?
Tu: Eu portei-me mal e o papá deu uma palmada no meu rabo.

Papá: Margarida queres que ponha estes brinquedos no teu quarto?
Tu: Sim papá, é este (apontando para a porta do teu quarto).
É que a casa é enorme, o pai podia perder-se... ahahahahah.

A brincares com os teus animais:
- Este é o leão, o rei da selva, rrrrrrr!

Eu: Margarida vamos para o banho?
Tu: Não mamã, agora tou ocupada.
Ah pronto, desculpe sim....!

No banho esticada de barriga para baixo a dares às pernas e a fazeres bolinhas:
- Sou a pinxesa pupurina!
Quem??? Influências do Noddy, eu creio...

Eu: Margarida vamos jantar.
Tu: Mamã tou a ler, vês? Agora não.

Tu: Vais trabalhar mamã?
Eu: Vou.
Tu: Eu não, pois não?
Eu: Não, só a mãe e o pai.
Tu: Pois, eu sou muito pequenina.

No carro:
Tu: O que é isso papá?
Papá: É um gps. Serve para obtermos direcções para os sítios.
Tu: O senhor volumoso também sabe onde é a rua do Noddy.

Eu: Está verde vez, já podemos avançar.
Tu: Tás maluca mamã! Não tá verde!
Calminha menina... :-)

Eu: Margarida já puseste os guardanapos na mesa?
Tu: Xim mamã, já pusi!

Alguma confusão pela manhã:
- Mamã quero ver o filme do Peter Pan e do Peter Gancho...

Em casa da avó M. o pai avisou que estava à nossa espera lá em baixo porque não conseguia chamar o elevador. Expliquei-te o sucedido e disse-te que, assim sendo, tínhamos de ir andando. Aceleraste o passo, vestiste o casaco e correste para a porta enquanto dizias entre dentes:
- Papá, vou a caminho!
(É assim mesmo meu amor, qual super bebé a salvar o pai, a mãe ou quem estiver em apuros!)

Um dia desta semana assististe a uma visita especial aos meninos da escola ao lado de casa da avó. Era um comando da PSP que mostrou às crianças os carros, as motas, os capacetes, os coletes, enfim, toda a panóplia de materiais e utensílios que usam. Estiveste do outro lado das grades a ver tudo em grande excitação. Quando cheguei à tarde a casa da avó perguntei-te sobre isso. Falaste sobre o que viste, mas quando te perguntei de quem eram os carros e as motas...
Tu: De quem?
Eu: Sim, de quem eram?
Tu: Hum...
Eu: Quem estava a mostrar aos meninos?
Tu: Hum...
Eu: Eram da po...
Tu: Cilga!

Perguntaram-te se tinhas gostado do aniversário da mãe e se eu tinha gostado da surpresa do bolo de aniversário:
- A mamã dixe que o bolo era fantático com uma boneca qu’era a Margarida com flores no colo pá mamã!
(Isto assim, tal e qual, seguidinho e sem respirar!)

Depois de te calçar umas meias novas mostraste-te descpnfortável:
- Estas meias não mamã. São suaves mas estão apetadas.

Depois de uma série de desenhos que fizeste cheios de cores:
Papá: És uma artista filha!
Tu: Ahã!
(Olha à modéstia!!!)
Eu: São desenhos abstractos?

Tu: Não mamã, sou uma atista, não são bstactos!

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