Saio a correr (ainda que com o
horário reduzido em 2h diárias). Vou buscar-te ao colégio. Nem sempre é fácil
estacionar. Entro, vejo-te, corres para o meu colo… por vezes. Outras há em que
sorris de longe e avisas que “só queres acabar de brincar”. Tento apressar-te.
Vamos até ao teu cabide buscar a mochila e o casaco. Queres tirar a bata.
Tiramos a bata e vestimos o casaco. Mostras-me os trabalhos expostos que são
novidade. Falas sobre A ou B que passam por nós e cumprimentas mais C e D. Sem
excepção pedes pão (mesmo que tenhas acabado de lanchar) e dão-te sempre, não
sem antes te perguntarem com o que preferes: manteiga? Queijo? Marmelada? Fazes
questão de te despedir da G. e de todas as auxiliares ou Educadoras que
conheces e que estejam por perto. Damos uma corrida até à porta porque quem
“chega em último perde!” Saímos finalmente da
Infantil, com calma. Entramos no carro depois de tirares o casaco: com o casaco fico muito apertada na cadeira
mãe. Pomos o cinto. Entro, ponho o meu, ligo o carro. Perguntas se trouxe
lanche (já vamos para dois lanches e meio...). Ficas muito feliz quando a
resposta é afirmativa. Pegas no leite ou no iogurte, aguardo que bebas antes de
pôr o carro em andamento. Tagarelamos sobre o teu dia. Chegamos a casa da avó
M. minutos depois. Tira cinto, sai do carro, tira o teu cinto, salta para fora
do carro. Subimos. Vamos buscar a
maninha! Corremos até ao elevador porque “quem chegar primeiro ao elevador,
ganha!” Tocamos. A avó abre. A Maria está ao seu colo, sorridente assim que
te/nos vê. Outras vezes a avó aponta a sorrir para a cozinha enquanto diz “está
toda contente na cadeira da papa, a brincar com os legos à mesa”. Antes saúda-te com muita alegria, entre beijos e
abraços. Olá maninha! E depois eu, Como estás bebé? Colinho e mais colinho
à mana. Agora tens de lavar as mãos porque ainda vêm sujas de bolacha (do
lanche no carro). A mana não quer ir para o “ovo” e choraminga. Lá fica,
percebendo que vai passear. Pega em sacos, troca recados com a avó. Diz adeus
ao tio. Descemos. Entramos, não sei antes dar uma palavrinha à vizinha que
passa e que quer saber como vocês estão, aproveitando para contar como vão os
seus netos. Entra no carro, acomodar e pôr cintos, deixar os sacos e o carrinho
da mana no porta bagagens. Rumo a casa. Regra geral o trânsito não é muito. Converseta pelo caminho. Ou cantoria.
Por vezes, mais cansada, vais em silêncio e respondes, monossilabicamente, ao
que vou tentando saber sobre o teu dia… ou, pura e simplesmente, desconversas.
Chegamos a casa. Na garagem tiro o carrinho da mana, tiro-vos do carro, ponho
as mochilas, carteira e os sacos a tiracolo, outros pendurados. Subimos. Mãe, por aqui, pela passadeira! - Eu empurro o carrinho da mana, ok? - Ok! Em
casa. Arruma sacos, tira a mana do “ovo” que já refila. Lavar as mãos, tirar os
sapatos, descascar fruta e pôr um filme à tua escolha enquanto preparo o resto
e dou o banho à mana. Hoje quero brincar
com os legos! Não, fazer desenhos e
pintar! Trazes tudo para a sala. Dou-te a fruta cortada em quatro como
pediste. - E uma bolacha pode ser? - Só uma, agora é fruta até à hora do jantar,
já sabes! - Ok mãe. Prepara o
banho da Maria, que aguarda na sala no tapete muito feliz, na companhia da
mana. A água já está no ponto, a roupa preparada para a vestir. - Mãe, quero outra fruta! Agora pode ser maçã!
- Margarida o banho da mana está pronto, a água não pode esfriar… Podes esperar
só que dê banho à mana? A resposta varia entre o “sim” e o “não” conforme
os dias, os humores… Vamos Maria, é hora
da banhoca! Começas logo a dar às pernas e aos guinchinhos de satisfação.
Tira a roupa, a fralda e banho! Uma alegria! Só sorrisos. Dás aos pés com toda
a garra, chapinhas com as mãos com toda a força. Quando o banho termina a casa
de banho parece um lago, mas valeu a pena. Dias há em que durante o banho
ouvimos da sala a mana que reclama a sua maçã, por eu estar a “demorara muito”…
Secar, limpar e pôr creme num ápice, afinal tem estado muito frio e nem sempre
a casa já está quente o suficiente. Dificultas o processo, sobretudo quando
chega o momento de te vestir o body pela
cabeça ou enfiar as mangas. Não gostas.
Cantamos, rimos, pegamos num boneco para distrair, normalmente o que ainda vem
nas tuas mãos, molhado, da banheira. Voltamos à sala, cheirosas e bem
dispostas. Conforme as horas, é altura da mana ir tomar duche ou, antes, de
comeres tu uma fruta antes do jantar. - Margarida,
vamos lá, uma “chuveirada”. - Mas
mãe, só mais esta parte do filme que eu gosto muito… Só mais este desenho… Mas
mãe, ainda não acabei a maçã… (que entretanto fui descascar e cortar). - Ok, mais 5m. E 5m volvidos, todos os
dias as perguntas são as mesmas: - hoje é
“chuveirada” mãe? - Sim. - Oh, porquê? - Porque de semana temos menos tempo e não podemos demorar num banho de
imersão. Porque encher a banheira todos os dias é um gasto astronómico ao fim
do mês e sai igualmente caro ao nosso Planeta e a todos nós. - Às pessoas e aos animais? - Sim, exactamente. - E qualquer dia não há água? - Sim,
é isso mesmo. - Mas mãe, só hoje.
- Não, só ao fim-de-semana e hoje não é
dia de fim-de- semana. - Mas mãe… birra.
Gritas, fazes má cara. Tomas duche no meio de berros e de ameaças como nunca mais brinco contigo! Dizes que eu
sou má e que já não gostas de mim. Quando assim é, o duche é mais difícil e
mais demorado, reclamas que tens água na cara, que o champô foi para os olhos,
que está quente e agora fria, que tens frio ou que te dói aqui ou ali.
Enrolo-te na toalha. Por vezes acalmas depois do banho e durante o “vestir”.
Outras vezes a birra continua parecendo-me a mim que nunca vai acabar. Não
queres estas cuecas, mas aquelas. Tudo
bem. Hoje queres a camisa de noite ao invés do pijama. - Não, o dia de mudar pijama é à
segunda-feira, quando trocamos os lençóis, não hoje. - Porquê?? Explico. Dias há em que cedo, a maioria deles não. - Mas eu queria, és má! - Não sou. Gosto muito de ti e fico triste
quando me dizes isso. - Eu é que
fico!!! – rematas. Pentear pode ser no meio de conversa ou entre uma e
outra música que cantamos juntas ou ainda em plenos “ai, auch, dói”, é
conforme. A maninha, quando a tua birra é grande, chora também e eu entro em
parafuso… Outros dias em que estás tranquila e bem disposta (raro...), resolve ela
chorar e espernear, só porque sim, porque já começa a ter fome, porque ainda/já
tem sono ou (e sobretudo) porque não quer ficar na espreguiçadeira, mesmo que
esteja a 20cm de nós… Preparar a fruta da Maria. Dar-lhe a fruta. Se tem sono é
uma desgraça, se não tem, é uma alegria. Separar a roupa suja. Pôr a roupa na
máquina. Arrumar a cozinha e fazer as
camas (caso não tenha tido tempo de manhã). - Margarida, vem escolher a roupa para vestires amanhã! O pai chega
(por vezes antes). Que alívio, agora somos dois para dois. Aquecer o jantar,
pôr a mesa, sentar as duas. Birra de uma que não quer sentar-se na cadeira da
papa (pelo menos, não sem antes estarmos todos à mesa), birra da outra que quer
só fazer mais isto ou aquilo, ou que quer comer a sopa sentada no sofá, ou que
não quer sopa ou que não gosto do que quer que seja que vá ser o jantar…
Jantamos. Se for um jantar “birras free”,
é divertido, há conversa, há brincadeira, com as duas. Muitas vezes quase que
adormeces à mesa, outras vezes dá tempo para pularem no colo do pai ou
brincarmos mais um bocadinho. Lavar os dentes, fazer xixi. Ler uma história, ou
duas. Adormecer a bebé, às vezes ao colo, outras já no berço. Arrumar a cozinha
e a sala. Preparar a tua mochila para o dia seguinte, adicionar o fato de
ginástica/dança, se for o caso. Beber um café… Silêncio. São entre as 21h e as
22h30, conforme. A maior parte dos dias são 21h30. Desde que saí do banco que
não me lembrei, não pensei, nem vi mais nada senão vocês duas. São 21h30 e, com
o café na mão, parece-me que estive com vocês 10m...
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