Procuro-te. O teu sorriso franco, a tua constante boa disposição. Sinto
falta do teu espanto espontâneo. Relembro os teus “uaus” a cada coisa mágica.
Culpo-me. Ultrapasses os desafios e o “testar os limites”. Contrarias, berras,
ordenas, respondes mal, fazes má cara. Provocas. Começa muitas vezes logo no
carro, dez minutos depois de te ir buscar com a mesma esperança diária renovada
de que vai ser diferente. Birras. Exigências. Truques. “Nãos”. Exalto-me.
Grito. Culpo-me. Dói de imediato. Diria mesmo que é simultâneo. Se perco a
cabeça e te ameaço com castigo, culpo-me. Pergunto-me insistentemente onde me
desviei. Onde está a menina apaixonada que em tudo vê sol, arco-íris e
sorrisos. És tu. Eu sei que és. Não podes ter mudado. Eu é que te perdi. Mas
onde? Quando? Penso se foi com a chegada da mana. Será? Tudo isto? Sete meses
depois? Tento compensar-te. Tento compensar a mana. Culpo-me. Perdi-te? Talvez
tenhas simplesmente crescido... Conforto-me uns segundos com uma fé de que
daqui a nada tudo é como dantes. Não quero que deixes de sonhar, de acreditar
nas fadas, no impossível, em tudo. Culpo-me. Dói, dói muito. Não quero que
deixes de acreditar em mim. Sinto-me vazia, inútil, má mãe. Quero voltar a ser
o teu porto seguro, hoje e sempre, como dantes. As tardes acabam em birras. As
noites em castigo. Vais para a cama a enxugar lágrimas. Eu também.
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