Terça-feira assim, que entrei no pátio do recreio
para te ir buscar, começo a ouvir um choro crescente que de imediato reconheci
como teu. Olhei para o sítio do costume e comecei a ver-te sair de entre um aglomerado
de bibes azuis, maioritariamente rapazes. Um deles tinha uma bola de futebol na
mão. Enquanto me ia aproximando, realizava que choravas talvez com razão, dor,
quero eu dizer. A tua boca era toda ela sangue. Muito sangue, vivo, encarnado,
abundante. Tentei perceber o que se tinha passado, mas fui-me encaminhando
contigo e com a G. para a casa de banho sem conseguir que tu ou algum dos
meninos me dissesse alguma coisa. Já na casa de banho entra a S., outra
auxiliar, e lá comunica que tinhas caído das cordas. À medida que se ia lavando
a tua boca com água, o aparato diminuía e tu acalmavas gradualmente. Pensei lá
se foram uns dentes, tu queres ver que abriu a boca toda... enfim, passaram-me
ainda uns quantos filmes pela cabeça, confesso. Já limpinha, percebemos que
afinal, tinhas ferido o lábio inferior em duas zonas. Nada mais. Foi um enorme
alívio. Tu foste a soluçar o caminho inteiro, mais cheia de mimo que de dor,
mas não faz mal. A mamã deu os mimos todos que uma queda e tanto sangue
merecem. Ainda tive imensa vontade de rir porque, até chegarmos ao carro,
sempre que passavas por amiguinhos, professores ou auxiliares, olhavas com ar
choroso e dizias fiz uma ferida no lábio,
com sangue! mesmo que ninguém te tivesse perguntado nada. Valeu para o
susto. Mais um. :-)
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