É extremamente difícil
lidar com este sentimento. Eu sei que é filha. Sabes, eu ainda lido com ele. E
com frequência! Os últimos dois episódios que me recordo são muito distintos.
Uma vez estavas pendurada nas cordas a dar cambalhotas quando te fui buscar. A
tua amiga conseguia dar as cambalhotas mais lá em cima e sem mãos. Tu não
conseguias. Ou melhor, estavas com medo. Pediste que te ajudasse. Eu ajudei.
Quando chegava o momento de virares os pés, resistias. Lá fizeste uma e duas
vezes, mas não sei antes desatares a chorar, de vergonha, frustração, por
estares em frente às tuas amigas, por eu estar ali e, ainda assim, não estares
a conseguir. Acalmei-te. Disse-te que não tem mal nenhum. Disse-te que todos
conseguimos fazer tudo, uns mais cedo que outros, uns melhor que outros.
Disse-te que tens imensas e enormes qualidades e potenciais e não é por uma
cambalhota… Uma outra vez foi quando me disseste que a tua amiga C. tinha
muitos mais brinquedos que tu. Nem sei se será bem assim, a verdade é que o
quarto dela sendo bem maior, fica tudo mais exposto, mais “à larga”. Mas mesmo
que seja… Lá conversámos. Lá te expliquei que há-de haver sempre gente com mais
e outras com menos que nós. Lá te relembrei que o que interessa é o colo, é ter
uma mana, é aprender na escola, é ter amigos, é ter braços, pernas e tudo, ver
e ouvir e falar bem, é ter mãe e pai ao nosso lado e uma avó, etc., etc. E
concluíste rapidamente que sim, que era isso. E eu vi calma e sinceridade nos
teus olhos, nas tuas palavras e fiquei aliviada (pelo menos por enquanto).
Abraçaste e disseste no fim: Mas mãe, eu estava só a dizer. Eu não me
importo porque eu gosto muito dos meus brinquedos e tenho todos os que eu
quero. … … :-)
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